Maternidade, intuição natural   

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Pelos meus olhos, pelo meu corpo,
Um novo ser se faz,
Vem a temida dor
Chega a mais esperada paz

O dois que são um
O amor Nunca Sentido
Invisível, o lugar comum
Maternidade, o sopro temido

Uma nova relação se faz no astral
Bem vinda, intuição natural.

Bia Rossi

O nascimento do Arthur, meu filho, foi um dos maiores divisores de águas da minha vida. Com sua chegada pude entender o que representa comunicação invisível, ouvir o que está sendo dito sem palavras, amar como nunca tinha conhecido e temer como nunca havia imaginado. Um novo ser tão pequeno, totalmente dependente de mim. E nessa vivência uma gigante transformação interior dava seu pontapé inicial.

E o meu caminhar para aprofundamento na intuição se fazia. Nunca antes havia experimentado tamanha conexão. Quando ele era bem pequeno, escrevi uma das experiências de grande significado e aprendizado que me ensinou a agradecer as pequenas doenças dele. Segue abaixo:

“Agradecer a doença de um filho”. Isso sempre pareceu impossível, como se fosse um paradoxo as palavras “agradecimento” e “doença de um filho”. Há um tempo vivi uma experiência materna, onde percebi como maternar me possibilita ser o melhor de mim. E não poucas vezes, o pior também.

Maternar?! Não sei se existe essa palavra. Ela encaixa muito bem para o ato profundo de conexão comigo mesma no momento do exercício do cuidado.

Numa noite, meu filho de 8 anos começou a ter febre com vômitos. Era a 1:00 da madrugada. Remédio não é uma opção para nós, ele geralmente vomita tudo. Eu sou uma mãe que tenho que me virar para ajudá-lo com qualquer coisa que não vá entrar pela boca. Difícil, né, considerando que estamos numa sociedade onde o “remédio cura” e o “médico sabe como”. Remédio não foi uma opção para mim desde que ele nasceu. Primeiro, porque ele sempre vomitou com remédios e eu como bióloga e iniciada em meditação e estudo da mente desde muito cedo, sabia que as manifestações que chamamos de doença são muito mais do que um problema corpóreo que precisa ser resolvido. E fui atrás de encontrar formas de lidar com as manifestações próprias do Arthur.

Como uma boa aquariana, na minha jornada de conhecer mais a biologia, psicologia e bioenergética do corpo acabei me tornando terapeuta energética. Me embrenhei a estudar medicina chinesa, cromoterapia, aromaterapia, bodytalk, antroposofia e me reconectar com a benzedura, habilidade da linhagem de mulheres da minha família.

Nesse caminhar entendi que o sintoma não é necessariamente a doença e que uma manifestação que entendemos como doença pode ser um movimento natural do desenvolvimento biológico da criança ou um entrelaçamento com o meio, ou seja, ela está expressando algo dos pais.

Voltando as 1:00 da madrugada de febre… Em meio a gemidos de dor, eu o acolhia, cansada, tentando pensar em algo a fazer. Comecei a pensar nas várias coisas que aprendi. Inicio com sessão de bodytalk e a sessão não abre. Nada de conseguir fazer sessão na criança, a indicação no momento era: olha para você. Surge o pensamento e o conflito, “como eu vou olhar para mim, agora, com a criança com dor do meu lado? A prioridade deve ser ele! “

Não teve jeito. Nada que eu fazia o ajudava. Larguei meu pensamento e a intuição me levou a fazer uma pausa e olhar para as minhas sombras ali apresentadas. Me descobri com medo, repetindo as vozes de familiares, da sociedade, trazendo muitas dúvidas sobre a minha capacidade como mãe. Assim continuei e fui cada vez mais ao encontro do mais profundo do meu ser, como passando por véus até chega no centro. Lá, estava eu mesma, a mãe que o Arthur escolheu e que sabe o que ele precisa e que vai achar uma maneira de ajuda-lo. Encontrei a confiança que me disse: “a mãe recebe com ela toda a intuição necessária para saber o que o filho precisa”. As carcaças foram queimando até meu sol interno poder sair.

Nesse momento, Arthur já estava pedindo para que eu fizesse bodytalk nele. Fiz a sessão, socorro rápido e ele ainda tinha muita dor. Era tarde da noite e eu já havia feito tudo que consegui lembrar de técnicas. A minha confiança começava abalar de novo e resolvi relaxar. Parei de procurar algo pronto e simplesmente relaxei. Fiz tudo o que estava ao meu alcance, agora, a minha intuição haveria de mostra o que ainda não sabia. Deixei o meu corpo fluir e me levar. Fiquei alguns minutos no silêncio interior e as orientações começaram a brotar: “óleo de laranja e lavanda”…

Logo na sequência, surgiu um impulso de cantar uma música totalmente desconhecida começava a chegar. Fui pegar os óleos. Eu simplesmente estava fluindo, como se tivesse dançando. Comecei a massageá-lo e cantar, massagear e cantar e assim foi, como num ritual, sem perceber o tempo passar.

Quando percebi, ele estava calmo, dormindo. Acordou depois de um tempo, eu fiz de novo esse pequeno ritual que acabara de intuir. Ele dormiu, acordou, eu fiz de novo e de novo. Engatou no sono e acordou as 10h da manhã se sentindo bem. Me senti livre, firme, confiante.

Depois dos rituais, olhando ele dormir, meu coração se expandiu de emoção por ter tido a oportunidade de passar por aquela experiência, por ter dado o melhor e o máximo de mim, que me guiou a ouvir o mais profundo do meu ser, me levou a sentir, a acessar minha intuição.

Maternar nos impulsiona a dar o máximo, o melhor, chegar ao limite, transcender por um universo que só pode ser acessado pela intuição, quando largamos nossas verdades e ouvimos o que realmente precisa ser feito. Gratidão,  meu filho!

Bia Rossi

Pesquisadora, terapeura Bodytalk

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